A Folha de São Paulo, o site Omelete e vários veículos de imprensa anunciaram que havia a possibilidade de 65% dos cinemas boicotarem a exibição de Viva – A Vida é uma Festa. E realmente aconteceu.

  • Quem boicotou?
  • Porquê aconteceu o boicote?
  • Porquê isso importa ao mercado audiovisual brasileiro?

Entenda quem boicotou

Para entender o boicote, precisamos listar alguns dos grandes exibidores de filmes no Brasil. Como são muitos, vamos nos concentrar nos maiores. Por aqui temos rede Cinemark que é uma das maiores redes multinacionais de cinemas do mundo e também a rede Cineart que por sua vez é uma gigante brasileira. Temos ainda a multinacional Cinépolis e a Multiplex, mas a maioria das salas de cinema no Brasil é nacional e compõe mais de 65% do total (veja a lista de exibidores da Wikipedia).

A história das principais exibidoras do Brasil

Se você já assistiu ao filme, deve ter percebido que as salas de propriedade de empresas nacionais não exibiram o filme. Aqui em Belo Horizonte, Viva – A Vida é uma Festa só foi exibido na zona norte e na zona sul, as demais regiões onde predomina a rede Cineart, aderiram ao boicote.

Porque alguém boicotaria um filme tão incrível?

Calma, dessa vez o motivo não foi ideológico! Tudo tem a ver com dinheiro e poder, e nesse quesito temo que a Disney possa estar se transformando em um monstro. A dona da franquia de Star Wars, da Marvel Studios e da Pixar (e agora da FOX!), pode estar ficando mais parecida com os Sith do que com os Jedi.

Em dezembro de 2017 a empresa anunciou que para exibir seus filmes, os exibidores precisarão pagar 52% das bilheterias e não apenas 50%, como era há mais de meio século. O medo do sindicato dos exibidores é que a empresa comece a exigir valores cada vez mais altos para os novos blockbusters, inviabilizando seus negócios.

O resultado foi visível nas bilheterias. Segundo o Cinepop, o filme estreou em apenas 610 salas e arrecadou fracos R$ 6,6 milhões. Já Jumanji: Bem-vindo à Selva‘, foi lançado em 950 salas e bateu recorde de maior abertura de Janeiro com R$ 16,2 milhões.

E daí? Porque isso importa ao mercado audiovisual brasileiro?

Importa e muito! Imagine se a gigante Disney que sempre nos fez apaixonar pelos eu personagens, agora se torne o lado sombrio da força. Ela detêm 5 das 10 maiores bilheterias de todos os tempos e também é dona de boa parte dos filmes mais esperados do ano de 2018. Se a pressão persistir, as exibidoras nacionais podem não aguentar, podem amargar prejuízos e podem ser substituídas pelas grandes multinacionais.

O cinema nacional que já tem pouco espaço na grade das exibidoras, pode ter sua representatividade ainda mais prejudicada, mesmo com a lei de cota de tela que garante um espaço minimo de exibição de produções brasileiras.

A concentração do poder econômico nunca é boa para nenhum mercado, e não seria diferente no caso do Brasil, apesar de ter mostrado ano após anos crescimento em quantidade e qualidade de produções. A pressão de trustes em um ambiente político corrupto como o nosso, pode levar conquistas históricas para o ralo.

Torcendo aqui por um acordo justo para todos.